O evangelho das facilidades: quem dá mais?
“E não vos conformeis com este mundo, mas
transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis
qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus” (Romanos 12:2).
Quem viveu a sua adolescência há,
pelo menos, 30 anos, espanta-se ao ver o nível de degradação e corrupção a que
chegou o mundo e, também, muitas instituições religiosas. A propagação do
Evangelho cresceu; inúmeros templos religiosos foram abertos, o número de
pessoas ditas evangélicas subiu abruptamente. O intuito inicial era o de
anunciar o Amor de DEUS àqueles que estavam morrendo no mundo em sua condição
espiritual; dar uma esperança às famílias, oferecer um plano de salvação às
vidas que se encontravam destruídas.
“Afirmar, nos dias de hoje,
que o ser humano busca a religião como suprimento de uma necessidade espiritual
não é nenhuma novidade. Pois, a matéria, a lógica, os interesses pelo aqui e
agora e as riquezas que esse momento podem proporcionar não completam o homem
totalmente. Estamos vivendo na pós-modernidade que traz consigo não só a quebra
dos absolutos, mas um verdadeiro leque de possibilidades religiosas para as
pessoas. O Brasil, em especial, é a boa terra que ‘em se plantando tudo dá’:
todas as seitas, religiões, igrejas, denominações que, ao chegarem aqui, logo
conseguem se firmar e crescer. O povo, além de místico e emotivo em essência,
está aberto para o novo, o diferente e os transcendente”.
Os que trocam de religião, muitas
vezes só trocam de endereço religioso, mas não aprendem que o essencial para
DEUS é uma mudança radical de vida. Mudam de roupas, passam a se vestir melhor,
mas o interior continua o mesmo. Por que geralmente isso acontece? Porque essas
pessoas quase sempre são adestradas a cumprirem regras religiosas, como animais
em circo, a fazerem tudo o que os líderes ensinam como verdade. Muitas vezes,
eles próprios não conseguem enxergar o Evangelho de CRISTO em si e se
tornam donos, proprietários, gerentes de empresas cuja missão primeira é gerar
indivíduos e receita. Eles eram infinitamente melhores espiritualmente quando
eram meros desconhecidos, congregavam em templos bem humildes, viviam de
joelhos no chão e tinham fome e sede da justiça de DEUS. Depois que se tornaram
grandes, poderosos, ganharam posição de destaque, o EU se agigantou e a
condição espiritual definhou profundamente. O lugar que antes era ocupado pelo
Espírito Santo agora é preenchido pelo egocentrismo. Curiosamente, esses homens
que se fizeram líderes dessas instituições religiosas cresceram em ambição,
astúcia, sentiram-se donos de tudo (muitos continuam sendo usados para curar,
expulsar demônios, enfermidades), anunciar que CRISTO existe através da placa
da igreja que está lá fora pendurada. Dava-se início a uma vida religiosa
alienante e a uma igreja doente, que não consegue se firmar no propósito maior
a que DEUS nos chamou: o de sermos santos em tudo.
Assusto-me com a quantidade de templos religiosos
abertos atualmente. Não apenas por isso. Mas pela condição espiritual de quem
está à frente e por aquilo que e como está sendo ensinado, que alimento
está sendo oferecido ao povo. A verdade é que abrir templos religiosos virou um
excelente negócio, um comércio lucrativo e rentável. Pastores são pastores pelo
simples fato de terem concluído um curso em um seminário ou faculdade de
Teologia. O chamado de DEUS, o coração de Pastor que DEUS dá, são coisas que ficam
em segundo plano (e quando ficam). Formado, receberá o diploma de teólogo e
estará capacitado a cuidar de vidas sofridas e desesperadas. Aquele homem
passará a ser o centro de tudo, a atenção maior. Aliás, não só homens, como, de
forma absurda, mulheres também. Quem, em sã consciência, se atreveria a me
dizer o número de mulheres pastoras há 40, 50 anos? Quando a mulher não se
forma em Teologia, basta ser esposa de algum pastor e logo será chamada de
pastora, comandar igrejas, como também, ter os mesmos direitos do marido:
salário pomposo, décimo-terceiro, férias, ajuda de custo etc.
Mulher pastora… Que absurdo! Hoje em dia se tornou algo tão comum que
nem vimos o pecado da insubmissão e da rebeldia que se escondem por trás
de tudo isso.
A igreja, que se propunha ser a representante de
DEUS aqui na terra, se perdeu quando assistiu, “de braços cruzados”, à entrada
do mundanismo e das heresias em seus átrios; quando os seus líderes passaram a
ver como comuns certos absurdos, visando o crescimento populacional e das
finanças. Afinal, mais pessoas significariam mais dízimos e mais ofertas. Uma
igreja surgiu com uma forte intenção (estar longe do pecado da carne e do
mundo, servir a DEUS), mas que logo foi tragada pelas suas próprias ambições. O
“EU” do homem, do ser humano,
passou a ser o seu maior inimigo, o seu real destruidor, o gigante que o
lançaria para muito longe de DEUS. Para isso tiveram que criar um “novo
evangelho”: o evangelho das facilidades. Nesse evangelho criado, propagado e
ensinado nas igrejas, o livro de Gênesis começa assim: “No princípio era o
homem. E o homem era feliz e tranquilo. De repente o homem pecou, ficou triste
e amargurado e aí teve que criar Deus. Deus foi criado pelo homem para lhe
tirar toda tristeza e dá-lhe felicidade, prosperidade, conforto…”.
Depois, sublinham na Bíblia Sagrada apenas versículos que trazem conforto
a si próprio, bênçãos, bênçãos e bênçãos. Eles só creem no DEUS que apenas
criou o Éden, a terra que mana leite e mel e que fez promessas de grandes bênçãos
para a vida de cada um. O DEUS que eles servem é o DEUS apenas das coisas
acrescentadas, em Mateus 6:33. Fecham os olhos ao DEUS de justiça, que se ira,
que mata, que destrói povos e cidades por conta do pecado, da desobediência, o
DEUS que mandou fogo e enxofre para as cidades de Sodoma e Gomorra, o dilúvio
nos tempos de Noé; e hoje manda terremotos e tsunamis. O DEUS que manda
primeiramente os seus filhos obedecerem, renunciarem a si mesmos, a buscarem
primeiramente o Seu Reino e a Sua Justiça. O deus a que eles servem foi criado
por eles para o bel prazer de cada um. É por isso que muitos irmãos sabem de
forma decorada o versículo que diz que “Deus não leva em conta os dias de
ignorância”. Eles adaptam o texto para o que eles querem. O versículo na
verdade diz: “Mas Deus, não tendo em conta os tempos da ignorância, anuncia
agora a todos os homens, em todo lugar, que se arrependam”
(Atos 17:30) (grifo meu). Essas pessoas citam muito
também que “não há mais nenhuma condenação sobre elas”, buscando uma
autojustificação. O que esse texto diz na verdade? “Agora, pois, já nenhuma
condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam
segundo a carne, mas segundo o Espírito” (Romanos 8:1) (grifo
meu). JESUS também disse: “aquele que tem os meus mandamentos e os
guarda, este é o que me ama; e aquele que me ama será amado de meu Pai, e eu o
amarei e me manifestarei a ele” (João 14:21). Guardar e viver os
mandamentos é a prova de que amamos a JESUS. Há algo complicado em entender
esse versículo?
Infelizmente o que é ensinado na maioria dos
templos religiosos se volta para o EU do homem, para a sua satisfação pessoal.
Em um estudo anterior escrevi que DEUS não nos chamou para sermos felizes em
nós mesmos, mas para sermos santos, obedientes a Palavra.
certo dia fui conhecer uma denominação religiosa
muito famosa As pessoas ali, na plateia, sequer eram ensinadas a cultuar a DEUS
com reverência quanto mais a serem santas. Os líderes pareciam artistas no
palco, sem temor, sem respeito algum a Palavra de DEUS, cuja atenção era
voltada apenas para eles. Imaginei o tamanho da desgraça espiritual que esses
líderes estavam causando em seus seguidores… Como uma casa sem alicerce pode se
manter de pé quando vierem as tempestades?
“Esse povo honra-me com os seus lábios, mas o seu
coração está longe de mim” (Mateus 15:8), disse
JESUS referindo-se aos escribas e fariseus, que eram os maiores teólogos e
religiosos do Seu tempo. Ao anjo da igreja de Sardes foi dito: “conheço
as tuas obras; tens nome de que vives, mas estás morto” (Apocalipse 3:1).
Assim também dirá JESUS a muitos líderes das igrejas atuais, mestres em
hermenêutica e na exegese bíblicas quando chegar o Grande Dia. Eles não têm
temor algum, são roubadores do Evangelho de CRISTO, viciados, usurpadores da fé
alheia, e conduzem milhares ao tormento eterno. Os maiores inimigos e
adversários de JESUS não eram os pagãos nem os gentios, mas os próprios
fariseus, escribas, pessoas presas à lei judaica. A todo tempo, eles tentavam
flagrar o Filho de DEUS em contradição. Foram eles, juntamente com os
sacerdotes romanos da época, que incitaram o povo na derradeira decisão: “Crucifica-o!”
(Marcos 15:13).