NÓS, AS
OVELHAS DE JESUS: O BOM PASTOR
Muitos de nós,
cristãos, acreditamos que quando Jesus se identificou como o Bom Pastor e, por
analogia, a nós, seres humanos, como as Suas ovelhinhas, Ele estava nos tecendo
um elogio, pois a ovelha é um animalzinho tão dócil, tão fofinho, tão
inofensivo, tão puro, tão bonzinho...
Porém, para uma
boa compreensão da real intenção, ou percepção, do Mestre, devemos procurar
conhecer o comportamento, hábitos e algumas características das ovelhas, como
as que descreverei, fundamentadas em um livro que li, há muitos anos, escrito
por um pastor evangélico que em sua vida exerceu também a atividade de pastor
de ovelhas.
Segundo ele, as
ovelhas por dificuldade de faro, são susceptíveis a ingerir tudo o que
encontram pela frente, não distinguindo as ervas daninhas - que podem lhes
fazer mal ou mesmo levá-las a morte - da relva boa e saudável que lhes alimenta
e lhes faz bem. Se no pasto existirem flores ou sementes coloridas de ervas
venenosas que atraiam sua atenção, as ovelhas vão comendo e se envenenando. Por
isso a necessidade permanente do pastor ir à frente, observando as pastagens
para evitar que elas comam e morram.
Ao compará-las
conosco Jesus quis nos ensinar que, como as ovelhas, nós também vamos
ingerindo, indistintamente, tudo aquilo que vemos pela frente: ideologias,
novidades, teorias, seitas, misticismos, modismos que, muitas vezes,
apresentando-se a nós com um grande brilho, ou então com um colorido diferente
e inédito, nos atraem e nos envolvem, para depois nos contaminarem lentamente
até a nossa morte espiritual e física. Entre elas identificamos as drogas,
algumas leituras, alguns hábitos modernos, etc.
Da mesma maneira
este pastor nos conta que as ovelhas, quando são atormentadas por aquelas
pequeninas moscas que, atraídas pelo cheiro do suor, tentam pousar em suas
caras, ficam tão desesperadas que começam a bater com a cabeça nas árvores ou
em pedras, na vã tentativa de espantar estes insetos, chegando, em alguns
casos, a sofrer fraturas na cabeça e morrer. Por isso o pastor tem o costume de
ungir a cabeça delas com óleo misturado com essências para repelir estes
irritantes insetos.
Nós também quando
nos deixamos envolver por pensamentos e tentações que teimam em pousar ou
permanecer em nossas mentes, nos atormentamos e começamos a “bater as nossas
cabeças” teimosamente, tomando atitudes impensadas, agindo impulsivamente, etc.
Se Jesus, o Bom Pastor, não vier em nosso auxílio, derramando o óleo do
Espírito Santo sobre nós, não conseguiremos, sozinhos, nos livrarmos destes
pequenos tormentos.
O mesmo pastor
nos conta ainda sobre os conflitos entre as ovelhas. Quando duas delas disputam
a mesma coisa começam a bater a cabeça uma contra a outra até uma, ou ambas, se
ferirem gravemente. É necessária a presença constante do pastor a vigiar as
ovelhas briguentas e a apartá-las, antes que se machuquem seriamente.
Nós, quando nos
desentendemos com um, ou mais, de nossos irmãos, ficamos trocando “farpas”,
revidando as agressões físicas ou verbais, nos vingando assim, um do outro,
incessantemente, sem nos perdoarmos. Precisamos de Jesus o Bom Pastor para nos
apartar e nos ensinar a termos paciência com nossos irmãos, a nos perdoarmos
uns aos outros e a dividirmos irmanamente tudo o que temos: dons espirituais e
bens materiais.
Uma outra
informação, que este pastor nos dá, é sobre a tosquia das ovelhas. A lã vai
crescendo ao redor do corpo e com o acúmulo de sujeira (já que as ovelhas não
se limpam como os felinos) agregada aos pêlos, elas ficam cada vez mais
pesadas. Se a lã se molhar elas ficam sujas e encharcadas, daí o peso é tanto
que elas caem no chão e não conseguem mais se levantar com suas próprias
forças. Se o pastor não acudi-las, ajudando-as a ficarem em pé novamente, as
ovelhas podem morrer ali sozinhas. Por isso a necessidade da tosquia constante
de sua lã, para a sua segurança e sua proteção.
Nós, durante
nossa caminhada nesta vida, vamos acumulando “sujeiras” (pecados) que se
agregam a nós. Pecados que se juntando aos bens materiais que vamos acumulando
no decorrer de nossas vidas, vão nos tornando cada vez mais pesados. Quando
caímos, pelo fardo de nossos pecados e de nosso apego às coisas materiais, se o
Bom Pastor não nos estender Sua mão, oferecendo-nos o perdão e sugerindo a
partilha de nossos bens, morreremos prostrados e solitários, sob o peso de
nossas culpas e de nossa ganância.
Outro ensinamento
é sobre aquela ovelhinha que nas ilustrações antigas aparece nos ombros do
pastor, sendo por ele carregada para todos os lugares. Nossa primeira impressão
é que esta ovelha deva ser a preferida do pastor, a ovelha mais dócil e mais
obediente, não é? Nada disso! Esta é a ovelha fujona e teimosa, que não obedece
ao Pastor e sempre escapa do rebanho, colocando em risco a própria vida, pois
sozinha, longe do pastor e do grupo, ela fica vulnerável ao lobo que pode
atacá-la a qualquer instante.
O pastor zeloso,
desistindo de educá-la, quebra os ossos de uma de suas patinhas dianteiras,
para que ela não consiga mais fugir e, a partir daí, carinhosamente, passa a
carregá-la em seus ombros por toda parte, cuidando dela e alimentando-a
pacientemente, como um Bom Pastor.
Quando, muitas
vezes, sofremos uma “poda” de Deus que nos impede de caminhar livremente como
gostaríamos de caminhar, isto pode ser um gesto de amor d’Ele nos impedindo
que, com o mau uso de nossa liberdade, possamos ficar vulneráveis aos ataques
dos muitos “lobos” que pelas estradas da vida nos espreitam, aguardando o
momento certo para dar o bote.
Da próxima vez
que ouvirmos de alguém, ou lermos nos Evangelhos, que nós somos as ovelhas do
rebanho de Jesus, vamos ficar atentos para observarmos que atitudes iremos
tomar durante o Seu pastoreio em nossas vidas.